segunda-feira, 1 de maio de 2017

Belchior



Soube há pouco da morte do inesquecível Belchior, grande compositor brasileiro, nordestino cearense, que soube fazer poesia como poucos, além de letras de profundo sentido, retratando a vida nossa de cada dia.


Belchior, que estudou medicina e foi seminarista (essa eu não sabia), nasceu em Sobral, Ceará, em uma família muito numerosa e, como tantos nordestinos, teve que ir para o sul maravilha para poder mostrar e viver de sua arte.

Belchior, autor de músicas inesquecíveis, como A palo seco, Como nossos pais (imortalizada por Elis Regina), Mucuripe, Divina comédia humana, Alucinação, e tantas outras... Infelizmente, nunca teve o reconhecimento devido da chamada grande mídia. Encontrei este texto no facebook, que achei perfeito, atribuído a Golbery Lessa, que reproduzo aqui:

Caetano não canta Belchior

Seria bom para a música brasileira que a morte de Belchior destravasse a reflexão e o diálogo sobre o significado sociológico, estético e político de uma geração de importantes compositores e intérpretes nordestinos não tropicalísticas surgidos nos anos 1970. Ao contrário do que ocorreu com Gil e Caetano, que foram guindados pela crítica mais prestigiada a unanimidades nacionais, os outros compositores nordestinos da mesma geração, como Belchior e Zé Ramalho, apesar de consagrados pelo público, nunca alcançaram o mesmo status dos tropicalistas em termos de crítica. Um genial compositor como Belchior viveu grande parte de sua carreira na contraditória situação de ser reconhecido por milhões de pessoas e marginalizado pelos grandes meios de comunicação. Como quem morre não pode mais contestar o status quo e, portanto, pode virar cult sem colocar o estabelecido em risco, talvez a partir de sua morte Belchior passe a ser mais valorizado e reconhecido pela crítica como um dos principais construtores da moderna MPB.

Passou os últimos anos de vida desaparecido da mídia, recluso, e assim morreu no Rio Grande do Sul.

Vai em paz, Belchior!