domingo, 20 de janeiro de 2019

La canalha no tiene nacionalidad!




Um amigo meu, professor da universidade, fez pós graduação nos USA nos anos 70. Havia muitos estudantes do mundo todo. Em frente ao prédio da residência universitária, havia uma padaria que servia leite em uma máquina automática, semelhante um bebedouro: colocava-se uma moeda e a máquina liberava o líquido.
Um dia, alguém descobriu que a máquina estava liberando o leite sem pagar. A notícia se espalhou e houve uma correria dos estudantes para pegar a bebida grátis.
Um homem virou-se para ele e comentou: la canalha no tiene nacionalidad!

Lembrei-me muito desta história ontem, assistindo o noticiário. Duas notícias me chamaram a atenção.

A primeira foi a da explosão de um oleoduto no México, com dezenas de mortos e outros tantos feridos. Fiquei pensando: meu Deus, como um oleoduto subterrâneo poderia explodir e atingir tantas pessoas? Depois veio a explicação: naquele país, é comum as pessoas danificarem o oleoduto para roubar gasolina. Nas imagens, é possível ver dezenas de pessoas correndo com galões, garrafas, garrafões, vasilhames e a gasolina jorrando ao fundo. Bastaria uma faísca ou um cigarro aceso para que ocorresse uma catástrofe, e não deu outra coisa.

A segunda notícia foi a apreensão pela polícia rodoviária federal de um grande número de ônibus clandestinos, fazendo transporte interestadual e até internacional de passageiros. Nas imagens, famílias inteiras no meio da estrada, sem conseguir seguir viagem, longe de casa, em ônibus velhos caindo aos pedaços, sem a menor condição de funcionamento, motoristas sem habilitação e ou com a documentação vencida, em resumo: tudo errado.

Nos três exemplos que citei, o mesmo pano de fundo: a trapaça, a desonestidade e o desejo de tirar vantagem a qualquer custo.
Muitas pessoas vivem aplicando pequenos ou grandes golpes, em nome da “esperteza”, para “tirar vantagem”: furam fila, recebem troco errado e não devolvem, estacionam em fila dupla, passam o sinal vermelho, pegam leite sem pagar aproveitando a falha do equipamento etc.

O pior: às vezes até arriscam a vida, literalmente. No caso mexicano, o risco de uma explosão e morte para roubar um bocado de gasolina; no exemplo brasileiro, o risco de um acidente rodoviário grave. Além disto, ainda não querer a segurança de uma empresa regularizada, que tem motoristas treinados e ônibus em condições adequadas de funcionamento, economizando alguns reais na passagem, para “tirar vantagem” – escrevi sobre isto aqui.

Muita gente, infelizmente, ainda pensa pequeno, em conseguir pequenas “vitórias”, mesmo que às custas de terceiros, mesmo com risco de prejuízo pessoal e ou coletivo.

Ainda precisamos crescer como pessoas e como cidadãos...

Até a próxima!