segunda-feira, 27 de junho de 2011

O São João acabou...

O São João acabou...





 

É uma pena, mas é a triste constatação que fiz neste junho de 2011: o São João acabou.

O São João que eu conhecia tinha quadrilha matuta, milho assado, milho cozido, pamonha, canjica e pé de moleque; tinha trio de sanfoneiros tocando Luís Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro e outros mestres da verdadeira música nordestina; tinha procissão de Santo Antônio e todas aquelas simpatias que as moças faziam para arrumar um namorado / noivo / marido e festas nas igrejas para São João e São Pedro; tinha festa praticamente todos os dias do mês, não tinha uma rua que não tivesse um palhoção armado e os vizinhos se juntavam toda noite para dançar quadrilha e praticamente todas as casas faziam fogueira na porta nas três principais festas. As escolas promoviam festas juninas, sempre muito animadas e disputadas.

Hoje mudou tudo, e pra pior. Quase não há mais fogueiras nas portas, palhoção na rua, nem pensar. Não há mais quadrilha matuta: agora há competição de quadrilhas praticamente profissionais, com coreografias, alegorias e adereços dignos de uma escola de samba, mas nada parecidos com quadrilhas juninas. Quase não se ouve mais Gonzagão & Cia, mas umas “bandas de forró” que tocam “músicas” de gosto mais que duvidoso e de indigências musical e lírica de doer. Pior do que isto: algumas cidades fazem disputa de qual seria o “melhor São João” e trazem atrações que nada tem a ver com festa junina, tipo Luan Santana, Ivete Sangalo e Leonardo...

Ainda se vê alguns lampejos de festa junina nas rádios educativas, que ainda tocam forró de verdade (que quase ninguém ouve...), e por obra e graça da natureza, que ainda mantém a safra de milho para o mês de junho, todos os anos. Ainda acontecem, todos os anos, as festas religiosas da igreja, e ainda acontecem procissões, novenas, trezenas e missas.

Sinais dos tempos, em que tudo é descartável e relativo. Estamos jogando fora nossos valores, nossas tradições, em nome de uma modernidade mais que frágil e dúbia. Espero que não nos arrependamos amargamente em breve...

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