sábado, 21 de setembro de 2013

Tejo



Há alguns dias, venho me lembrando muito do meu pastor alemão, o Tejo, que morreu há 2 anos, após ter passado 13 anos conosco. Ainda ontem, ao acabar de almoçar, guardando um resto de arroz, lembrei-me o quanto ele apreciava arroz e quaisquer pedacinhos de carne ou ossinhos de galinha, que ele comia sem cerimônia nem dificuldade...

Ele chegou lá em casa com 3 meses, já grandão, mas foi empatia desde o primeiro momento, com todo mundo. Foi um cachorro maravilhoso; aliás, como são (quase) todos os cachorros: leal até a morte, carinhoso, inteligente, ordeiro, grande companhia para todos os de casa, excelente guarda (às vezes, "meio" barulhento...), amigo dos nossos amigos e uma fera para os estranhos, além de ser um belíssimo animal, com uma capa preta irrepreensível. Ele ocupava as maiores medidas do padrão da raça - conheci poucos pastores alemães do tamanho dele. Nesta foto aqui abaixo, dá para ter uma idéia dele junto de minha mãe.



Hoje, quando passo por algum pastor alemão, imediatamente vêm à lembrança os passeios que dava com ele, às vezes tarde da noite, quando chegava do trabalho; às vezes à tarde, nas poucas folgas que eu tinha. Adorava passear; para convidá-lo, bastava pegar a coleira que ele disparava para o portão, naquela ansiedade genuína e transbordante; ou então bastava olhar para ele e perguntar: "vamos passear?", que o danado entendia exatamente o que isso queria dizer. Também adorava passear de carro: bastava abrir a mala e ele pulava dentro, incontinente, tremendo de excitação e alegria... Quando voltávamos, já era praxe: eu abria a mangueira e deixava ele beber até cansar, fazendo aquele esparrame de água. Pense na festa!

Quando estávamos em casa, ele sempre estava por perto, deitado, observando. Quando eu ia para o jardim, lá ia ele atrás. Gostava de ficar perto de mim enquanto eu lia ou dedilhava o violão. Quando eu deitava no sofá, ele deitava ao lado... Apesar disto, ele gostava de todas as pessoas da casa; tinha um chamego danado pela minha mãe, que era quem o alimentava, quase sempre. Também gostava muito de papai, que passeava com ele de manhã.

Às vezes, só de folia, eu gostava de dormir no terraço, que era bem mais fresco que o quarto, e aí eu deixava ele ficar no terraço comigo. Mas nem sempre dava certo, porque ele queria dormir no colchão e deitava nele antes de mim. Pense no trabalho para tirá-lo e poder deitar!



Ele era sempre solícito conosco, e nunca rejeitava um carinho. Mesmo deitado, quando chegávamos perto, ele passava a pata sobre a nossa mão, em um claríssimo sinal de amizade. Gostava muito que coçássemos a sua barriga e seu pescoço, muito macio. Adorava ser escovado e penteado.

Teve uma coleção de bolinhas, que ele sempre ia buscar quando queria brincar. Adorava que agarrássemos a bolinha para brincar de cabo de guerra, e ninguém tirava a bolinha da boca dele se ele não quisesse. Mas um dia, ao recebermos a visita do Tino e da Iona, que é cadeirante, ele protagonizou uma cena que emocionou a todos nós: ele percebeu rapidamente que ela não podia correr atrás dele - aí, ele largou a bolinha na mão dela, sem que ela pedisse, para que ela a jogasse, e ficou brincando assim com ela por todos os dias que ela esteve aqui. Sensibilidade rara entre nós humanos, mas normal para um cão...

Sempre recebeu bem as visitas. Minha avó, que não queria conversa com ele, era a vítima dos seus cumprimentos: passava por ela e encostava-lhe o nariz, enorme e gelado, no braço. Lá ia ela se lavar, sob protestos. Até minha esposa, que tem muito medo de cachorros de qualquer tamanho e procedência, fez uma proeza: acariciou-o várias vezes -  tenho fotos para provar! Meus sobrinhos, primos, tios, amigos que passaram pela nossa casa, até hoje perguntam por ele, quando nos encontramos.



Ele cruzou algumas vezes, e teve filhos lindos. Um desses cruzamentos foi com a cadela dos irmãos Maristas, que têm casa próximo da nossa. Fomos lá conhecê-los, que festa! A primeira foto é a mãe com os filhotes.





Eu poderia escrever muitas páginas sobre as qualidades dele, mas vou ficando por aqui. Só quis registrar o quanto ele foi importante para nós, tanto que marcou nossas vidas para sempre...



5 comentários:

  1. Saudades de Tejinho...

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  2. Chorando muito mesmo,só sabe o tamanho desse amor quando se tem um animal assim...

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  3. Linda homenagem! As lágrimas vieram aos olhos. Pena que eles nos deixam tão rápido. Abração sua amiga Flaviana

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  4. Como pastoreira e apaixonada pela raça, a emoção de cada palavra foi um retorno ao passado, com meus protetores Gando e Athena. O grande Dragon acompanha ainda minha jornada, com seu temperamento fiel e carinhoso. Belo texto!

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