Um amigo meu, professor da universidade, fez pós graduação nos USA nos anos 70. Havia muitos
estudantes do mundo todo. Em frente ao
prédio da residência universitária, havia uma padaria que servia leite em uma
máquina automática, semelhante um bebedouro: colocava-se uma moeda e a máquina
liberava o líquido.
Um dia,
alguém descobriu que a máquina estava liberando o leite sem pagar. A notícia se
espalhou e houve uma correria dos estudantes para pegar a bebida grátis.
Um homem
virou-se para ele e comentou: la canalha no tiene nacionalidad!
Lembrei-me
muito desta história ontem, assistindo o noticiário. Duas notícias me chamaram
a atenção.
A primeira
foi a da explosão de um oleoduto no México, com dezenas de mortos e outros
tantos feridos. Fiquei pensando: meu Deus, como um oleoduto subterrâneo poderia
explodir e atingir tantas pessoas? Depois veio a explicação: naquele país, é
comum as pessoas danificarem o oleoduto para roubar gasolina. Nas imagens, é
possível ver dezenas de pessoas correndo com galões, garrafas, garrafões,
vasilhames e a gasolina jorrando ao fundo. Bastaria uma faísca ou um cigarro
aceso para que ocorresse uma catástrofe, e não deu outra coisa.
A segunda
notícia foi a apreensão pela polícia rodoviária federal de um grande número de
ônibus clandestinos, fazendo transporte interestadual e até internacional de
passageiros. Nas imagens, famílias inteiras no meio da estrada, sem conseguir
seguir viagem, longe de casa, em ônibus velhos caindo aos pedaços, sem a menor
condição de funcionamento, motoristas sem habilitação e ou com a documentação
vencida, em resumo: tudo errado.
Nos três
exemplos que citei, o mesmo pano de fundo: a trapaça, a desonestidade e o
desejo de tirar vantagem a qualquer custo.
Muitas
pessoas vivem aplicando pequenos ou grandes golpes, em nome da “esperteza”,
para “tirar vantagem”: furam fila, recebem troco errado e não devolvem,
estacionam em fila dupla, passam o sinal vermelho, pegam leite sem pagar
aproveitando a falha do equipamento etc.
O pior: às
vezes até arriscam a vida, literalmente. No caso mexicano, o risco de uma
explosão e morte para roubar um bocado de gasolina; no exemplo brasileiro, o
risco de um acidente rodoviário grave. Além disto, ainda não querer a segurança
de uma empresa regularizada, que tem motoristas treinados e ônibus em condições
adequadas de funcionamento, economizando alguns reais na passagem, para “tirar
vantagem” – escrevi sobre isto aqui.
Muita gente,
infelizmente, ainda pensa pequeno, em conseguir pequenas “vitórias”, mesmo que
às custas de terceiros, mesmo com risco de prejuízo pessoal e ou coletivo.
Ainda
precisamos crescer como pessoas e como cidadãos...
Até a próxima!
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