Olá, meu leitor!
Depois de uma semana agitada, um pouco mais que o habitual, parei para refletir sobre algumas coisas que percebi já há algum tempo, mas que agora senti a necessidade de externa-las: a pressa e a ansiedade da vida moderna.
Li recentemente um artigo muito interessante, publicado na revista Lusófona de Estudos Culturais, publicado por Martins, JC
et al, onde é citado Beriain (2008), que diz que "a pressa é um dos fenômenos preocupantes da vida moderna. A aceleração produz um novo tempo social que comprime o tempo em modos de vida hiperacelerados, em que a velocidade assume a condução da vida do ser humano atual, ao ser capaz de propiciar ao sujeito emoções intensas" (Vol. 1, n. 2, pp. 304-320, 2013).
Quando ainda estava no colégio, entre os anos 70 e 80 (até 1987, para ser exato), os computadores eram máquinas ainda arcaicas, do tamanho de uma sala de aula, e que não faziam nem a metade do que faz hoje um tablet. As telas eram minúsculas, monocromáticas, não tinham caixas de som, a gente tinha que armazenar informações em fitas cassete ou em disquetes 5 1/4. Um joguinho besta, mais simples que o come-come do Atari era armazenado em 4 ou 5 disquetes, incrível!
Mas os professores nos diziam que, no futuro (quando nós, estudantes, seríamos adultos), teríamos todos mais tempo livre para desfrutar, porque os computadores fariam quase todo o nosso trabalho. Ledo engano.
Com a chegada dos computadores, a vida ficou muito mais fácil por um lado, mas extremamente trabalhosa por outro. E mais: a quantidade de tarefas que cada um de nós tem que fazer todos os dias é imensamente maior que antes - ou seja, o tempo livre foi pro brejo...
Outro aparelhinho que veio para ficar e que facilita extremamente a nossa vida, impensável há poucos anos: o telefone celular. Hoje fala-se instantaneamente com qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo.
Mas tudo tem um preço: o celular é o combustível dos ansiosos e dos preguiçosos mentais. Ninguém mais espera para saber alguma coisa ou falar com alguém mais tarde, tudo tem que ser imediatamente. A gente, hoje, nem pode ir ao banheiro, porque se alguém liga e a gente não atende, é um Deus-nos-acuda. E tem gente com nível de ansiedade mais alto que fica ligando repetidamente até você atender, e quando você o faz, ainda ouve uma reclamação: já liguei tanto, porque não atendeu?
O celular também é a ferramenta dos preguiçosos mentais. Ninguém mais pensa: liga e pergunta. Muitas vezes fico me perguntando como as pessoas têm a coragem de telefonar para perguntar tantas tolices, por preguiça de pensar... e na maioria das vezes, não havia a menor necessidade para a pressa, mas a agitação da vida moderna não deixa ninguém esperar...
Como nada é tão ruim que não possa piorar, inventaram o tal do whatsup. Meu Deus, que inferno! Tem gente que nem fala mais com ninguém pessoalmente, só pelo telefone. E outra coisa que acho curioso é que a maioria das pessoas aceita como normal e obrigatório que todo mundo tem que ter whatsup. Eu já fui olhado quase como louco, algumas vezes, quando souberam que eu não tenho e não quero ter whatsup. Eu gosto tanto de email, mas quase ninguém mais usa, é pena...
Um preço alto que muitas pessoas estão pagando por causa dessa agitação moderna é depressão, ansiedade mórbida, adoecimento, síndrome de burnout, esfacelamento das relações humanas, mais divórcios e separações, uso de drogas, alcoolismo...
Não sei onde vamos parar com tanta agitação e ansiedade; algumas (muitas) pessoas já pararam na farmácia e compraram seus ansiolíticos para tentar conviver com essa vida maluca. Eu ainda prefiro um bom livro e uma boa música em boa companhia e, de vez em quando, uma escapulida para um lugar tranquilo, senão quem vai ficar ansioso sou eu...
Até a próxima!